Após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) é comum que os pacientes apresentem dificuldade para andar. Muitas vezes o caminhar torna-se lento, instável e com muito gasto energético, acarretando em perda da independência funcional. O treino de marcha com suspensão parcial de peso é considerado uma estratégia segura e eficaz no tratamento fisioterápico para pacientes que sofreram AVC.
Estudos indicam que mesmo após vários anos da doença, os pacientes que sofreram AVC podem se beneficiar de um programa de treinamento de marcha com suspensão. Os resultados destes estudos mostram que o treinamento de marcha com suspensão de peso pode melhorar a velocidade e a simetria da marcha e aumentar o tamanho, a altura e a velocidade das passadas. Autores também discutem os efeitos na melhora no equilíbrio dinâmico e na resistência cardiovascular após este tipo de treinamento.
O embasamento teórico para esta intervenção vem do conhecimento sobre o controle postural necessário para a manutenção do corpo contra a gravidade durante a marcha, a biomecânica adequada dos vários segmentos e articulações além da atividade muscular necessária para um caminhar eficiente.
Os primeiros estudos foram realizados em gatos com lesão na medula espinal. Surpreendentemente, esses animais recuperaram a capacidade de movimentar as patas e de se deslocar após o treinamento com suspensão. Acredita-se que a estimulação sensorial das patas dos gatos ativava circuitos neurais denominados “geradores centrais de padrão” localizados na medula espinhal. A estimulação repetitiva destes circuitos pode promover a plasticidade neural e a recuperação da marcha.
Além da suspensão de peso, vários outros recursos da fisioterapia podem ser utilizados na reabilitação da marcha com o objetivo de estimular a neuroplasticidade e a recuperação da função. A plasticidade neural também está presente em seres humanos e a estimulação intensa, frequente e adequada contribui para a reorganização do sistema nervoso e, consequentemente, da marcha de pacientes que sofreram AVC. No entanto, a recuperação também depende de vários fatores como o tamanho e localização da lesão, motivação do paciente, participação ativa dos familiares no processo de reabilitação, entre outros.